Considerando a necessidade de uma permanente interlocução entre os profissionais que atuam no atendimento aos portadores de sofrimento mental a fim de encontrar maneiras de promover a inserção social deste público, o Centro de Convivência Pampulha promoveu, no dia 19/08, no auditório da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), à Avenida Antônio Carlos, 7.545, São Luís, o II Encontro de Inclusão Social com o tema “Construindo saídas”. Esta foi mais uma atividade do projeto “Diálogo com a Cidade” que reuniu cerca de 90 pessoas entre usuários, familiares, técnicos e gestores da área.
Para mostrar um pouco do trabalho desenvolvido no Centro de Convivência Pampulha, na entrada do auditório havia um estande com a exposição dos trabalhos produzidos pelos usuários nas oficinas de arte e artesanato. Integrantes da oficina de teatro fizeram a apresentação da esquete teatral “Dr.B”, um experimento cênico baseado na obra O alienista do escritor Machado de Assis, que faz uma crítica aos conceitos de normalidade mental da sociedade contemporânea.
O tema do encontro foi discutido por representantes de diversas áreas que apresentaram experiências pessoais e profissionais: a psicóloga e psicanalista no Centro de Saúde São Francisco, Cristiana Ramos abordou sobre a inclusão social na perspectiva da estrutura psíquica do portador de sofrimento mental. Professora da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Centro de Convivência Pampulha, Danusa Campos explicou o funcionamento da turma de EJA naquele espaço, trazendo relatos de alunos já certificados para o ensino médio. Gestora Cultural de Projetos Acessíveis – Acesso e Acessibilidade, Helen Novais falou da importância de se criar projetos culturais que promovam a inclusão social. Supervisora Pedagógica da Escola Estadual Francisco Menezes Filho, Renata Mairink apresentou o caso de um adolescente com esquizofrenia e uso de drogas e o manejo de toda a equipe para que se tornasse possível a permanência deste aluno na escola.
Além destes, participaram da mesa de debates: a representante da Incubadora de Empreendimento Solidário e Gerente do Centro de Convivência São Paulo, Marta Soares, que fez explanação sobre o funcionamento da Suricato Associação de Renda e Trabalho Solidário para portadores de sofrimento mental que oferece oficinas nas áreas de mosaico, culinária, marcenaria e costura. Uma importante contribuição veio da advogada Dra Laurinda Pama que falou sobre os aspectos legais previstos na Constituição que garantem benefícios para o público da Saúde Mental, esclarecendo também dúvidas a respeito da LOAS, aposentadoria, entre outros temas correlatos às questões jurídicas.
Aos 73 anos e usuário do Centro de Convivência Pampulha, Antônio Carlos Albergaria é um exemplo de superação e inclusão bem sucedida. Durante 33 anos, ele esteve internado em hospital psiquiátrico, mas agora vive a experiência de estar inserido novamente na sociedade. Admirador de poesias, Antônio Carlos declamou o poema “O pássaro cativo” do poeta Olavo Bilac, que reflete a sua própria vida. Para finalizar o encontro, o público assistiu à apresentação de três músicas, entre elas “Amor de Favela” de autoria do usuário José Anacleto, interpretadas pelo Grupo Musical São Doidão composto por usuários dos Centros de Convivência São Paulo e Pampulha.
Gerente do Centro de Convivência Pampulha, Wilma dos Santos Ribeiro destacou o resultado positivo do encontro: “O trabalho desenvolvido pelos profissionais que atuam na saúde mental ajuda as pessoas a lidarem com suas dificuldades no dia a dia. Este é um momento muito fértil, pois amplia a visão tanto de profissionais da área quanto da sociedade civil a respeito da inclusão social deste público”, disse.
Trabalhando de inclusão social do portador de sofrimento mental
Criado em 2009, o Projeto “Diálogo com a Cidade” do Centro de Convivência Pampulha promove intervenções em diversos espaços como escolas, centros culturais, universidades, praças, entre outros, a fim de divulgar a política antimanicomial da Prefeitura de Belo Horizonte e contribuir para a inclusão social das pessoas portadoras de sofrimento mental. Para Wilma Ribeiro, coordenadora do projeto, é muito importante promover atividades que facilitem o acesso do portador de sofrimento mental: “Diariamente, o usuário transita em vários locais como supermercados, ônibus, etc. As pessoas precisam saber como lidar minimamente com este sujeito.”
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