quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Conjunto Moderno da Pampulha recebe certificado de patrimônio mundial



    
O Conjunto Moderno da Pampulha recebeu oficialmente ontem, dia 17, o título da Unesco de Patrimônio Mundial, com o conceito inédito de Paisagem Cultural do Patrimônio Moderno. O título marcou a celebração do Dia Nacional do Patrimônio Histórico, e sua entrega foi realizada no Museu de Arte da Pampulha (MAP) pela coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, Patrícia Reis, ao prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. A cerimônia foi acompanhada pelo ministro da Cultura, Marcelo Calero, pelo diretor do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores, ministro George Firmeza, pela presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, e pelo presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Leônidas Oliveira.

Para o prefeito Marcio Lacerda, a data é muito significativa para Belo Horizonte e Minas Gerais. “Esse reconhecimento tem uma longa história, que começa com a inovação e o espírito vanguardista de Juscelino Kubitschek, apoiado na criatividade e no brilhantismo de Oscar Niemeyer, Burle Marx, Cândido Portinari e tantos outros”, celebrou. O prefeito ressaltou também a projeção da capital mineira em nível mundial. “O título reafirma a posição de Belo Horizonte no mapa mundial e isso é muito importante para a atração do turismo, a criação de emprego e renda e, principalmente, para o reforço da nossa autoestima como mineiros e brasileiros”, completou.

O Conjunto Moderno da Pampulha foi reconhecido como Patrimônio da Humanidade no dia 17 de julho, durante a 40ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, em Istambul, na Turquia, após decisão consensual dos 21 países que integram o grupo.

De acordo com a coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, Patrícia Reis, a entrega oficial do título simboliza o reconhecimento do sucesso da candidatura feita por Belo Horizonte e celebra uma conquista inédita para o Brasil. “O título de Paisagem Cultural do Patrimônio Moderno conquistada pelo Conjunto Moderno da Pampulha é o primeiro do Brasil e ele é entendido por integrar harmonicamente obras de arte, paisagismo e arquitetura. Essa é a sua particularidade”, destacou. Todas as etapas do processo da candidatura foram cumpridas e avaliadas pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco.

O ministro da Cultura, Marcelo Calero, ressaltou a importância do título como uma ação de preservação permanente do Conjunto Moderno da Pampulha. “Essa conquista traz também a dimensão de responsabilidade de preservação para todas as esferas de governo desse lugar que é fabuloso e é uma joia de um período muito especial da história brasileira”, disse. Segundo Marcelo, a cultura do país vivenciou durante a construção da Pampulha um momento único, de congraçamento de diversas artes e artistas em torno de um projeto arquitetônico. “Temos de agradecer essa candidatura por ter dado a honra ao Brasil de ter mais uma vez um bem nacional inscrito na lista de patrimônios mundiais da humanidade”, completou.

Arte Integrada

Situado em uma das regiões mais tradicionais de Belo Horizonte e de grande significado para diversas gerações, no Brasil e no mundo, o Conjunto Moderno da Pampulha foi concebido com o objetivo de criar uma obra de arte total, integrando as peças artísticas aos edifícios e estes à paisagem, e conta com as quatro primeiras obras assinadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer, projetadas na década de 1940. O conjunto possui também jardins planejados pelo paisagista Roberto Burle Marx, painéis com azulejos do pintor Cândido Portinari e esculturas de artistas renomados como Alfredo Ceschiatti e José Alves Pedrosa.

Formado por uma paisagem que agrega quatro edifícios articulados em torno do espelho d’água de um lago urbano artificial, o Conjunto Moderno da Pampulha é integrado pela Igreja de São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e o Iate Golfe Clube (Iate Tênis Clube), todos construídos entre 1942 e 1943.

A área que abriga o Conjunto Moderno era parte de uma antiga fazenda, responsável pelo abastecimento agrícola da capital mineira. Loteada e urbanizada na década de 1940, tornou-se um empreendimento modernizador que atraiu a atenção de vários intelectuais e artistas de todo o Brasil, por promover uma interação entre arquitetura, artes plásticas e paisagismo.

Inspirado nas concepções do suíço Le Corbusier (pseudônimo de Charles-Edouard Jeanneret-Gris), criador dos Cinco Pontos da Nova Arquitetura (planta livre, fachada livre, pilotis, terraço jardim e janelas em fita), Niemeyer planejou os edifícios do conjunto. Por sua vez, Roberto Burle Marx teve como influência os ideais do resgate da identidade nacional e as vanguardas europeias das artes. Segundo seus próprios depoimentos, o seu contato com a riqueza da flora brasileira em jardins botânicos de Berlim (Alemanha) o fez compreender como seria importante resgatar espécimes nativas nos jardins do país. Embora muitas vezes comparados a telas de pintura, suas criações se revelam vivas por se transformarem com o passar dos anos e por representarem novas e livres maneiras de combinação cromáticas e de harmonias entre espécimes.

Mais informações para a imprensa pelo telefone 3277-4682 (Fundação Municipal de Cultura).

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