Para quebrar o preconceito e promover a igualdade racial, o Centro de Apoio Comunitário-CAC São Francisco comemorou, no dia 22 de novembro, o Mês da Consciência Negra com seus usuários e parceiros. Aproximadamente 90 pessoas, dentre eles os integrantes do grupo de convivência Reviver, os alunos do Pro Jovem Santa Rosa, da Educação de Jovens e Adultos-EJA e dos cursos de cabeleireiro, estética facial e oficial da construção civil prestigiaram o evento.
Maria Célia Nogueira, gerente do CAC São Francisco, deu as boas-vindas aos presentes e destacou: “É muito importante comemorarmos esta data porque ainda hoje convivemos com o preconceito velado. Quem dera não precisássemos de uma política pública para tratar da igualdade racial. O ideal é que todos se tratem como iguais.” Célia explicou que existe na Prefeitura de Belo Horizonte uma Coordenadoria específica para cuidar das ações de promoção da igualdade racial na cidade e, na oportunidade, apresentou os membros do Grupo Gestor de Promoção da Igualdade Racial na Pampulha: “Este é um grupo que trabalha com a cabeça e com o coração”, disse.
Informação, reflexão e histórias
Utilizada como meio de preservação da sabedoria dos ancestrais, a tradição oral sempre foi muito comum nas civilizações africanas para repassar conhecimentos. Familiarizada com esta oralidade africana, a professora e vice-diretora da UMEI Professora Acidália Lott, Fernanda de Sena, trouxe descontração e emoção para os presentes com duas histórias, escolhidas a dedo para a ocasião: “O pastor de pássaros” e a “Lenda do sabiá”. “Acho que a contação de histórias aproxima mais as pessoas da cultura afro, pois é uma forma carinhosa de repassar conhecimentos”, disse. Fernanda, que já se apresentou no programa Arrumação do Saulo Laranjeiras, na Feira Brasil África realizado no Expominas e na Livraria Sabá com contos africanos, destacou: “Somos todos afrodescendentes independente da cor da pele.”
Momento literário
O tema da igualdade racial foi trabalhado, ao longo do mês, com os alunos da EJA, que funciona no CAC São Francisco. A professora Lourdinha Castro explicou que o trabalho envolveu pesquisa, leituras, conversas e depoimentos pessoais sobre situações de preconceito vivenciadas pelos alunos. O aluno Ídamo Vaz de Paula, 56 anos, leu o texto “Laços Negros”, uma construção coletiva de todos os alunos, fruto dos debates e pesquisas realizados em sala de aula.
Para Márcia Araújo, do Centro Cultural Pampulha e também membro do GGPIR-Pampulha, o preconceito se esconde até em expressões rotineiras que repetimos sem pensar e lembrou: “Somos fruto de uma mistura. Nossa alegria e nosso ritmo vêm da África. Além do vocabulário, fomos influenciados também nos saberes e na culinária.” Para constatar esta influência, os participantes puderam apreciar gostosuras de origem africana como sucos de abacaxi e caju, biscoitos de polvilho e broas de fubá.